Finalizada as eleições municipais, o cenário político atual do país mostra um aprofundamento da crise de representatividade política. Nunca uma eleição no Brasil atingiu índices tão altos de votos inválidos (brancos, nulos e abstenções). Contudo, isto não se expressa no campo institucional, pois mesmo nos lugares em que a soma dos votos inválidos superaram os votos válidos alguém foi eleito para gerir as políticas públicas que pautarão nossas vidas. Isto é, na atual estrutura político-eleitoral não há espaço para a repercussão das insatisfações do/a eleitor/a. No cenário político, isso revela a necessidade de uma reforma estrutural do sistema político. Porém, no cenário institucional vigente, infelizmente, isso abriu grandes brechas para que setores alinhados aos campos conservadores, reacionários e fundamentalistas ganhassem espaço na política – reflexo também de um pleito eleitoral completamente corrompido pelos interesses do poder econômico em prejuízo dos direitos sociais. Soma-se isto à configuração política nacional que caminha, a passos largos, em direção a um cenário socialmente trágico. O ajuste econômico, imposto pelo governo golpista de Temer, se estabelece como pena de morte sob os direitos sociais duramente conquistados. A população que há pouco tempo gritava por uma saúde e uma educação “Padrão Fifa” assiste à tramitação, em ritmo acelerado, da PEC 55 (na Câmara, PEC 241) que afetará drasticamente os investimentos em educação e saúde nos próximos 20 anos. Além da proposta da Reforma do Ensino Médio (MP 746) e Lei da Mordaça (Escola sem Partido) que provocarão grande prejuízo nos conteúdos e no pensamento crítico do ambiente escolar. E também os cortes de verbas das universidades federais que começaram no governo anterior e que agora foram acentuados, podendo chegar a 45% em 2017, forçando o corte de vagas nas universidades e ameaçando o desenvolvimento acadêmico e científico do país. Sem falar na reforma Trabalhista, na Terceirização e na reforma da Previdência Social que acabarão com a seguridade da classe trabalhadora. Diante disso tudo, percebemos que a histórica desigualdade de classes no Brasil fica ainda mais escancarada perante a “Conta da Crise” depositada sob responsabilidade da população mais pobre do país, enquanto os privilégios dos ricos são mantidos. Contudo, sabe-se que a riqueza de qualquer nação é construída pelas mãos da classe trabalhadora; então, cabe a pergunta a você trabalhador/a: qual é o sentido de produzir tal riqueza se não pode desfrutar dela? Portanto, precisamos dar um novo significado à história, para que a classe trabalhadora não saia só perdendo direitos, mas, pelo contrário, mantendo as conquistas históricas e garantindo o avanço para novas conquistas. Assim, precisamos voltar toda nossa atenção e todas as nossas forças para a principal forma de intervenção política que a Classe Trabalhadora pode realizar: ações como greves de setores produtivos estratégicos, greves gerais e ocupações. Por isso, o Movimento de Trabalhadores Cristãos – MTC-PE apoia as ocupações estudantis secundaristas e universitárias que acontecem em todo o país e a elas se une. Entendemos que o movimento estudantil é parte significativa da classe trabalhadora, por se tratar de filhas e filhos de trabalhadores e trabalhadoras que, por sua vez, estão em formação para o mercado de trabalho. Sigamos todos e todas nós da classe trabalhadora o exemplo de força, luta e resistência da juventude estudantil que está lutando para garantir um Estado democrático e os direitos constitucionais. E vamos à luta.
Coordenação do MTC Nordeste II